Especialistas da Escola Superior de Medicina de Hannover (MHH), na Alemanha, informaram nesta sexta-feira que desenvolveram uma nova estratégia de vacinação que consiste em acrescentar ácido retinóico às vacinas para combater os germes patógenos causadores das diarreias mortais.
Após uma série de testes com ratos, os cientistas chegaram à conclusão que as vacinas contra o cólera e a salmonelose são significativamente mais efetivas quando contém esse tipo de ácido, que contribui para que as células imunológicas cheguem à mucosa intestinal, onde produzem anticorpos para neutralizar os germes.
"Esta inovadora estratégia de vacinação é de grande importância, não só no que diz respeito à bactéria E. coli, mas especialmente em diarreias que afetam crianças em países em desenvolvimento", ressaltou Reinhold Förster, da Faculdade de Imunologia da MHH.
Segundo o pesquisador, "muitas vacinas não funcionam bem em países em desenvolvimento e isso se deve à desnutrição, principalmente à carência de vitamina A", responsável pela produção de ácido retinóico.
O papel fundamental desse ácido no processo imunológico foi descoberto apenas há alguns anos, razão pela qual ainda não se havia tentado aplicar sua utilidade nas vacinas. Durante os testes, os cientistas injetaram vacinas contra salmonelose e cólera em dois grupos de ratos e as mesmas com ácido retinóico a outros dois grupos e alimentaram posteriormente os animais com salmonela e toxinas do cólera.
"Os grupos que haviam recebido vacinas com ácido retinoico estavam em ambos casos significativamente melhor protegidos", informou Förster. Na opinião do especialista, esta nova estratégia de vacinação tem um grande potencial. "Agora existe a possibilidade de imunização mais efetiva contra todos os germes patógenos causadoras da diarreia", considerou, acrescentando que os cientistas devem aplicar estes resultados nas vacinas contra o rotavírus em países em desenvolvimento.
As diarreias representam 20% das causas de mortalidade em crianças menores de 5 anos nos países em desenvolvimento, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Os germes patógenos, porém, constituem uma ameaça permanente também nos países industrializados, como foi demonstrando durante o recente surto infeccioso de E. coli na Alemanha que causou pelo menos 48 mortes em todo o país.
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