A polinose, denominada genericamente febre de feno ( hay fever ), é uma doença alérgica estacional devido à sensibilização por pólens alergizantes. Estes encontram-se no ar durante a época de polinização de determinadas plantas, produzindo rino-conjuntivite e/ou asma brônquica. Apesar do nome, não existe febre e o feno não é o responsável pelos sintomas. Existe sim, uma sensação de febre, simulando um desagradável estado gripal.
A característica desta moléstia é sua periodicidade anual, repetindo-se os sintomas sempre na mesma época do ano, quando ocorre polinização. O fator etiológico principal são grãos de pólens de plantas alergógenas que se depositam nas mucosas, produzindo reação alérgica inflamatória. Em geral estes pólens são leves, transportados pelo vento, de pequenas dimensões ( entre 20 a 40 micras de diâmetro) e incitam a doença nos indivíduos sensibilizados em uma concentração aproximada de 50 grãos por m3 de ar. Entretanto, ao final da estação polínica, pelas sucessivas exposições este limiar baixa, podendo menores quantidades tais como 10-20 grãos por m3 de ar ser responsável pelos sintomas.
A doença polínica é conhecida em várias partes do mundo, possuindo elevada incidência em determinadas regiões da Europa e dos Estados Unidos. Neste último 8,2% da população estima-se ser anualmente acometida. Em alguns países, entretanto, o seu início é muito recente, incluindo-se aqui o Brasil nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O pólen de gramíneas é basicamente a principal causa de rinite estacional na Europa e também entre nós no sul do Brasil durante os meses da primavera ( Setembro - Outubro - Novembro).
A cobertura florestal original do estado do RS, estimada pelo antigo IBDF era de 40% e na década passada 2,6%; ocorreu semelhante fato também em Santa Catarina e Paraná, onde as gramíneas substituiram a vegetação natural em extensas áreas. Associam-se a isto as modificações de práticas agrícolas, a introdução de gramíneas com potencial alergisante ( p.ex. Lolium multiflorum - "Azevém"), que crescem desordenadamente em terrenos abandonados dentro e na periferia das cidades, ao longo de rodovias entre outros. Pesquisa epidemiológica em algumas cidades do RS, estima prevalência de polinose em 4,8% na serra gaúcha ( Caxias do Sul) e 2,4% no Planalto médio ( Passo Fundo).
As estações do ano bem definidas, com um inverno extenso e rigoroso de baixas temperaturas, produzem uma primavera exuberante A sintomatologia característica manifesta-se por: prurido ocular com hiperemia conjuntival , olhos lacrimejantes, coriza, espirros, prurido nasal ou faringo-palatal, ausência ou presença de obstrução nasal. Hiper-reatividade brônquica com asma associada pode acontecer em 15%-20% dos indivíduos. Tudo parece um incrível resfriado que pode durar anualmente três meses de sofrimento, acrescido de uma incomoda e perturbadora sintomatologia ocular. Em alguns mais afortunados a sintomatologia pode ser branda ao ponto de quase não ser reconhecida.
Os dias de chuva ou neblina são de alegria para os sofredores da doença polínica, pois não existem condições favoráveis dos pólens circularem no ar.
Crianças com idade inferior a quatro anos, usualmente não apresentam "hay fever", pelo menor contato com o ambiente externo.
Embora sejam as gramíneas o principal agente em nosso meio, outras espécies como árvores contendo pólens alergógenos poderão juntar-se de maneira eventual e secundariamente, tais como: Acácia, Eucaliptus, Ligustrum, Platanus, Ciprestes (estes últimos no inverno). No Brasil, acreditamos que a doença polínica deve ser sempre, doravante, lembrada nas latitudes maiores de 25º. S, com altitudes próximas ou superiores a 400 metros, e sob a influência climática da continentalidade. São, portanto, aquelas no Sul do País onde a Araucária (Pinheiro) é nativa. Não que esta conífera seja usualmente incitante da doença porém serve-nos como um "marcador biológico" de estações climáticas bem definidas.
A polinose pode aparecer em sua forma pura ou associada a alérgenos perenes, tais como dermatofagóides, poeira domiciliar, fungos, epitélio de animais. Portanto, poderemos ter sintomatologia exclusivamente estacional ou durante todo o ano, porém exacerbada na primavera. A repetição por mais de uma estação polínica dos sintomas clássicos de rinoconjuntivite associados ou não à asma brônquica, pressupõe de modo seguro o diagnóstico clínico.
*Consulte um médico para o diagnóstico e o tratamento apropriado.
Um médico pode recomendar antihistamínicos para combater ou prevenir sintomas, decongestionantes para tratar a congestão nasal, e/ou spray nasal contendo corticosteróides ou substâncias para prevenir sintomatologia. A imunoterapia comumente denominadas "vacinas", é outra opção onde os extratos alergênicos são injetados gradualmente em pequenas doses para reduzir a sensibilidade.
Um alergista após a realização de testes cutâneos com alergenos apropriados pode indicar, quando os sintomas forem difíceis de controlar com medicação.
Por ser tratamento especializado e que não é isento de riscos, deve ser reservado para casos especiais. O paciente deve ser informado de sua provável duração (de 03 a 05 anos consecutivos), e orientada por especialista nesta área.
Link: http://www.asbai.org.br/secao.asp?s=81&id=300