A alergia alimentar é um dos distúrbios mais comuns nas clínicas gastroenterológicas. Deve-se ressaltar que a maioria dos indivíduos, com queixas de alergia a algum componente dietético, geralmente não apresenta quadro alérgico. As intoxicações alimentares, as deficiências enzimáticas primárias ou secundárias a diversos fatores, dentre uma série de outras situações, são fatores de confusão nos quadros alérgicos.
Os quadros alérgicos, relacionados com o trato digestivo, apresentam uma fisiopatologia complexa e com alguns pontos ainda obscuros. Porém, a maioria dos quadros associa-se com a produção de IgE, após a sensibilização pelo alérgeno. Este anticorpo liga-se a receptores, presentes na superfície de diversas células do sistema imune e contribui para a maioria dos sintomas da alergia alimentar.
A alergia alimentar vem aumentando sua prevalência na população mundial. Cerca de um quinto das pessoas modificam sua dieta, em decorrência da percepção de algum evento adverso relacionado com componentes alimentares, conforme revela um grupo de pesquisadores.
Os autores ressaltam, porém, que quando o indivíduo com queixa de alergia alimentar é submetido a um teste provocativo, duplo-cego, placebo controlado, com a ingestão do alimento supostamente causador dos sintomas (padrão-ouro no diagnóstico de alergia alimentar), a real ocorrência da alergia é bem menor que a reclamada pelo paciente.
A detecção de alergia alimentar é baseada numa série de dados clínicos, testes cutâneos, avaliação de IgE sérica, avaliação dos componentes fecais e testes provocativos. Muitas vezes são realizadas pesquisas extensas e mesmo assim não se consegue identificar o alérgeno responsável pelo quadro.
A terapia na alergia dietética baseia-se principalmente na exclusão do alérgeno da alimenta-ção. Os antihistamínicos apresentam uso mais restrito e estão indicados quando há concomitância de manifestações alérgicas cutâneas. Os quadros de alergia imunomediada costumam apresentar boa resposta à corticoterapia.
As reações anafiláticas merecem cuidados intensivos, sendo que o uso de adrenalina é comumente necessário para auxiliar na reversão do quadro. Existem diversos outros tratamentos postulados para as alergias alimentares, porém estes ainda estão em campo experimental.
Fonte: http://www.bibliomed.com.br