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ALERGIA ALIMENTAR - Fato ou Mito?

Alimentos são fontes de vida e prazer. Quando um paciente relaciona um sintoma indesejável a um alimento (diarréia com ingestão de leite; coceira com ingestão de tomate), ele acha que é alérgico a este alimento, mas com freqüência não é. Para que o diagnóstico correto seja feito deve procurar um especialista.

1. Alergia ou intolerância alimentar?

A alergia alimentar é causada pela interação de uma proteína com elementos do nosso sistema imune e os sintomas podem ocorrer logo após a ingestão, horas e mesmo dias após. 6 a 8% dos lactentes abaixo de 1 ano apresentam alergia alimentar. A incidência cai para 3% a medida que as crianças crescem e é de 2% em adultos.

A intolerância alimentar leva a um sintoma indesejável, mas não ativa o sistema imune. È a reação mais comum apresentada após a ingestão de um alimento. Nervosismo após consumir cafeína contida em coca-cola ou café; diarréia por intolerância ao açúcar do leite (lactose);coceira após ingestão de manga ou morango. È importante diferenciar essas 2 reações alimentares, porque o diagnóstico, o tratamento e o prognóstico são diferentes. Por exemplo: diarréia por alergia a proteína do leite de vaca,com freqüência desaparece aos 3 anos de idade. Já a intolerância ao açúcar do leite pode persistir a vida toda, fazendo com que a criança sempre tenha diarréia ao beber leite de vaca.

2. Quais os alimentos que mais causam alergia?

Nas crianças leite, ovo, trigo e amendoim são os grandes vilões. Nos adultos peixes, frutos do mar, e nozes. Isso não quer dizer que outros alimentos não causem alergia e cada situação deve ser individualizada e o diagnóstico correto feito por um médico experiente.

3. Por que as crianças tem mais alergia alimentar?

O sistema gastrointestinal da criança é imaturo. Os elementos de defesa (tecido linfóide, IgA) e a barreira mucosa ainda não estão plenamente desenvolvidos. Pode ocorrer uma alergia alimentar quando houver uma predisposição genética e o alimento for mais alergênico (leite de vaca). O aleitamento materno nos primeiros meses de vida é de grande importância, pois a proteína do leite materno não causa alergia e o leite é rico em elementos protetores (IgA).

4. Quais os sintomas causados por alergia a alimentos?

Os sintomas são os mais variados e podem acometer vários órgão (sistema gastrointestinal, pele, sistema respiratório etc.) Os mais comuns são: coceira , placas vermelhas pelo corpo(urticária), inchaço(angioedema), náusea, cólica, diarréia. A reação alérgica mais grave é o choque analifático, que põe em risco a vida do paciente. Neste caso todo cuidado é pouco com a dieta. O alimento culpado deve ser rigorosamente afastado e o paciente orientado para ter consigo medicamentos para o tratamento de uma situação aguda.

Algumas doenças pioram com a ingestão de certos alimentos. È o caso da dermatite atópica (DA) , doença de pele eczematosa que ocorre em crianças desde os 3 meses e piora em 40 % dos casos com leite de vaca e ovo. Nas alergias respiratórias (rinite alérgica e asma brônquica) o grande vilão é o ácaro e os alimentos só pioram essas doenças em 2% dos casos. 

Existe uma associação, nesses casos, da alergia respiratória com alergia gastrointestinal(diarréia), alergia de pele (DA) ou refluxo gastroesofágico (alergia ao leite de vaca).

5. Como fazer o diagnóstico de alergia alimentar?

Uma boa história médica, exame físico acurado, alguns testes laboratoriais e dieta de exclusão e reintrodução, são essenciais para o diagnóstico correto. Com isso evita-se que o paciente deixe de comer o que não lhe faz mal. A dieta e o hábitos alimentares do paciente só devem ser alterados quando realmente necessários. O médico deve sempre afastar outras doenças que induzem o mesmo sintoma.

Alguns testes laboratoriais ajudam no diagnóstico. Os teste cutâneos de leitura imediata (realizados no braço com diferentes alimentos) podem ser feitos em qualquer idade, são baratos e dão resultado imediato. Devem ser feitos por um médico experiente, com os alimentos suspeitos e controles. Um teste positivo sugere alergia alimentar. Um teste negativo afasta alergia alimentar. Após um teste positivo, o alimento deve ser sempre excluído da dieta e posteriormente reintroduzido ( por 3 vezes), para se ter certeza de que aquele alimento está causando o sintoma. Outro exame laboratorial para se verificar alergia alimentar é o RAST, feito através do sangue. Está indicado quando o sintoma for grave (anafilaxia), quando o pele do paciente for muito sensível(dermografismo) e quando o paciente não puder parar medicamentos que interferem com o teste. Aqui também é necessário fazer a exclusão e reintrodução do alimento.

Podemos retirar só o alimento suspeito ou colocar o paciente numa dieta com poucos alimentos, todos hipoalergênicos, por 7 a 14 dias.

6. Como tratar uma alergia alimentar confirmada?

Excluir o alimento totalmente da dieta;

Pesquisar rótulos de alimentos insdustrializados, pois o alimento pode vir com um nome fantasia(leite: caseína ; ovo: albumina; trigo: extrato de ceral);

Não tirar da dieta alimentos que não causam alergia, só por suspeita, por medo ou por conselho de uma outra pessoa.Isto pode levar a desnutrição, a deterioração da qualidade de vida da criança e da família e a muita ?raiva? por ter sido privado de comer o que gostaria;

Alergia ao leite de vaca ? deve ser substituído por hidrolisados protéicos de caseína, leite de soja ou fórmulas a base de frango ou carne de carneiro (feitas por um nutricionista).O leite de cabra não deve ser usado em lugar do de vaca, por apresentar reação cruzada. Os sintomas podem persistir. Evitar todos os derivados do leite de vaca.

7. Prognóstico de uma alergia alimentar

A maior parte das crianças com alergia ao leite de vaca deixam de ser alérgicas aos 3 anos (85%);

Indivíduos alérgicos a nozes, peixes e frutos do mar, de um modo geral não perdem sua alergia;

Paciente com alergia ao leite de vaca, podem se tornar alérgico ao de soja (nas enteropatias pode chegar a 50%).

8. Tabus e controvérsias em alergia alimentar

Chocolate raramente causa alergia, mas leva a acne e dor de barriga por excesso de gordura;

Raramente a criança é hiperativa (agitada) por alergia a um alimento;

Reação a corantes e aditivos são raras e não são alérgicas. Não evite desnecessariamente o corante amarelo(tartrazina) ou o vermelho (iogurte de morango).

9. Conclusões sobre alergia

Pensa-se muito em alergia alimentar mas só alguns a tem. Se o paciente estiver no grupo de alérgicos a um alimento, após um diagnóstico corretamente feito, exclua o mesmo da dieta, leia os rótulos de alimentos industrializados , procure alternativas alimentares e ligue-se a entidades de apoio (mantenha-se atualizado, troque receitas e as dificuldades em se lidar com este problema).

Fonte: ASBAI-RJ





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