O termo alergia alimentar é usado para caracterizar as reações causadas pela ingesta de alimentos ou aditivos alimentares que envolvem mecanismos imunológicos. A prevalência de alergia alimentar é muito variável e parece estar crescendo. Estima-se que até 8% das crianças apresentam alergia alimentar e aproximadamente 3 a 4% dos adultos. A princípio, qualquer alimento pode causar alergia alimentar, mas um grupo de 8 alimentos responde por cerca de 90% das reações alérgicas alimentares devido a algumas características na estrutura de suas proteínas.
Podemos citar: leite de vaca, ovo, soja, trigo, peixe, amendoim, castanhas e frutos do mar. Na população brasileira, o milho também é uma importante causa. No Brasil, na faixa etária pediátrica, o leite de vaca e o ovo são os principais desencadeantes de alergia alimentar. A alergia às proteínas do leite de vaca acomete aproximadamente 7,5% das crianças abaixo de 3 anos.
As manifestações podem ser cutânea, gastrointestinal, respiratória e anafilaxia. O diagnóstico é feito através da história dos sintomas e exames complementares como pesquisa de anticorpos IgE (imunoglobulina E) específicos para proteínas do leite (teste cutâneo ? prick teste ou dosagem pelo sangue ? IMMUNOCAP), exames de fezes, biópsia intestinal, teste de provocação oral duplo-cego placebo controlado (teste considerado padrão ouro, mas não é realizado rotineiramente). O tratamento consiste na exclusão do leite de vaca e derivados da dieta do paciente. Crianças em aleitamento materno exclusivo devem continuar e a mãe, orientada a retirar de sua dieta o leite de vaca e seus derivados.
Em crianças que não fazem uso de leite materno, devem ser usados fórmulas infantis a base de soja ou hidrolisados protéicos. As bebidas a base de soja não atendem as recomendações nutricionais adequadas, principalmente ao primeiro ano de vida, não se caracterizando como substituto ideal na dieta restrita em leite de vaca.
Nunca usar leite de cabra como substituto para pacientes com alergia a leite de vaca, pois a chance de reação cruzada é de até 95%. A maioria das crianças torna-se tolerante entre os 3 e 5 anos de idade. Existem outros tipos de reações relacionadas com alimentos ou aditivos alimentares, além das alergias alimentares , como as reações tóxicas (ingesta de alimento contaminado) e as intolerâncias alimentares. Vários alimentos podem desencadear intolerância alimentar, sendo os mais comuns:
- Lactose (intolerância a lactose)
- Queijos, vinho tinto
- Alimentos liberadores de histamina : chocolate, morango, abacaxi, etanol, suínos.
- Aditivos alimentares : tartrazina, metabissulfitos, benzoato de sódio, glutamato monossódico. Nos casos de suspeita de reação adversa a alimentos, é sempre importante uma avaliação médica especializada. As manifestações clínicas são muito amplas e o diagnóstico nem sempre é fácil. O tratamento sempre envolve a exclusão do alimento e/ou aditivo alimentar envolvido, suporte nutricional adequado e orientações para o reconhecimento e tratamento precoce das reações.
Fonte: Immuni