Roupas podem ser confeccionadas com diferentes tipos de tecidos, como: algodão, linho, lã, nylon, poliéster, entre outros. Nem toda reação provocada por roupas é alergia. Quando ocorre, a alergia ocorre por determinados componentes de tecidos. Na maioria das vezes o processo não é alérgico, ocorrendo em resposta a processos irritativos ou de intolerância.
Este tema foi recentemente publicado pela Academia Espanhola de Dermatologia e chamou a atenção para 2 pontos básicos:
1) A intolerância à roupa ocorre em pessoas com pele suscetível. Por exemplo, portadores de dermatite atópica tendem a ter pele seca, sensível e hiper-reativa. Outro exemplo é das pessoas portadoras de dermografismo ou de outras formas de urticária. Nestes casos o contato com etiquetas e determinados tipos de tecidos, em geral sintéticos, pode produzir desconforto, comichão e coceira. Dependendo de cada caso, poderão surgir irritações na pele ou agravar lesões pré-existentes. É importante enfatizar que não se trata de uma alergia, pois não há envolvimento do sistema imunológico, nem sob a forma de células nem através da participação de anticorpos específicos.
2) Algumas pessoas poderão desenvolver dermatite de contato a componentes de tecidos. As substâncias usadas na indústria têxtil, que são mais envolvidas na indução de alergia de contato incluem o formaldeído e alguns componentes usados como corantes, em especial os derivados de parafenilenodiamina. Roupas engomadas e novas podem ser tratadas com formaldeído ou produtos similares. Já o parafenilenodiamina é um corante usado em roupas de cor escura ou em couro sintético.
A dermatite de contato têxtil é uma alergia rara, mas nos últimos anos, médicos especialistas chamam a atenção para o uso de um conservante chamado dimetil fumarato, usado em produtos provenientes da China, como roupas, sapatos e em inúmeros outros materiais. Atualmente o uso do dimetilfumarato está proibido na União Europeia.
O que diferencia a alergia da intolerância ou irritação?
A dermatite de contato irritativa ou intolerância resulta de uma ação direta na pele e não envolve mecanismo imunológico, ou seja, resulta de uma ação mecânica do produto sobre a pele causando a irritação e o desconforto.
A dermatite de contato alérgica depende de uma sensibilização, ou seja, a pessoa entra em contato com o produto, desenvolve uma reação imunológica (alergica) específica, que vai gerar as lesões. Depois que se instala, a reação surgirá sempre que a pessoa voltar a ter contato com a substância.
Como reconhecer se é alergia ou intolerância?
O diagnóstico se baseia na análise clínica feita por médico especialista, que analisará os dados clínicos de cada paciente e seu tipo de pele. As reações irritativas originadas da intolerância se relacionam com características da pele, em geral seca. Nos casos de alergia, não se verifica este padrão.
Para esclarecer o diagnóstico, está indicada a realização do teste de contato. As baterias usadas no teste de contato são compostas por uma série de substâncias em concentração e preparação apropriada para teste, ou seja, de forma que possam apontar a positividade sem causar dano à pele do paciente. O material é colocado em contato com a pele usando fita adesiva hipoalergênica contendo discos aderidos. Após limpeza da pele, o material é aplicado nas costas do paciente, permanecendo por 48 horas.
Neste intervalo, não é permitido molhar o local nem realizar exercício físico vigoroso. Após 48 horas o material é removido e realiza-se a primeira leitura, observando se há reação no local de aplicação de cada substância. A leitura é repetida 72 horas ou 96 horas após aplicação do teste.
Fonte: ASBAI