A alergia é a doença crônica mais comum na infância e na adolescência. Estima-se que cerca de 20% das crianças brasileiras entre 6 e 7 anos apresentam sintomas de conjuntivite alérgica (alergia nos olhos).
Os principais sintomas são coceira nos olhos, inchaço das pálpebras e da conjuntiva ocular, sensação de queimação, lacrimejamento, dificuldade e fotofobia (desconforto em manter os olhos abertos em ambientes muito claros). Estes sintomas podem ser persistentes ou intermitentes.
A conjuntivite alérgica provoca vários transtornos no dia a dia da criança e do adolescente. A coceira dos olhos e o lacrimejamento pioram a visão e podem provocar ausências escolares. Há um comprometimento na qualidade de vida, não só da criança, mas também da sua família.
A doença pode ocorrer de forma isolada, mas na maioria dos casos se associa às outras manifestações alérgicas, principalmente quadros de rinite alérgica, que apresenta sintomas como coceira (no nariz, garganta, ouvido e/ou olhos), espirros seguidos ou em salvas, coriza aquosa e nariz entupido.
Porque meu filho tem conjuntivite alérgica? De maneira semelhante às demais doenças alérgicas, a alergia ocular se desenvolve quando o sistema imunológico está sensibilizado e reage exageradamente a determinados estímulos, chamados alérgenos.
Os alérgenos provocadores de conjuntivite alérgica em nosso meio são principalmente os ácaros da poeira domiciliar, fungos, baratas e antígenos do cão e gato. Os alérgenos dos ácaros podem provocar a conjuntivite alérgica durante todo o ano. As conjuntivites alérgicas provocadas por pólens e fungos do ar são raras no Brasil, ocorrendo em alguns locais na região Sul do país. As pessoas sensíveis aos pólens desenvolvem sintomas durante o período de floração. A fumaça do cigarro, cheiros fortes e a combustão do óleo diesel e da madeira podem provocar irritação nos olhos. Os irritantes tendem a piorar os sintomas da alergia ocular.
Qual o melhor tratamento para conjuntivite alérgica?
A avaliação e o tratamento da conjuntivite alérgica em crianças e adolescentes devem ser realizados pelo alergista pediatra em conjunto com o oftalmologista. Existem quadros de conjuntivite alérgica que se associam com problemas na córnea, provocando situações mais graves.
O tratamento pode ser iniciado pela medicação sintomática para aliviar as crises. É essencial, porém, evitar a doença controlando o ambiente, educando a família sobre a doença e adotando vacinas antialérgicas específicas (imunoterapia).
Para evitar os ácaros da poeira domiciliar é importante limpar a casa com pano úmido, colocar capas impermeáveis em colchões e travesseiros e manter o quarto o mais vazio possível, retirando brinquedos e bichos de pelúcia.
Se seu filho é alérgico a algum animal de estimação, mantenha o bichinho fora de sua casa. Algumas pessoas não querem se desfazer do animal de estimação, porém a conduta correta é mantê-lo fora do quarto, para evitar expor a criança aos alérgenos do animal.
Cuidados com a higiene também são importantes. Lave as mãos imediatamente depois de pegar o animal. Remova e lave as roupas após visitar amigos que tenham animais de estimação aos quais a criança é alérgica. Os testes alérgicos ajudam na identificação dos fatores que desencadeiam a alergia e orientam no tratamento.
Existem colírios e medicamentos orais para tratar os sintomas da alergia ocular. O uso de colírios resfriados (mantidos na geladeira) pode reduzir a sensação de coceira nos olhos.
É importante reforçar, no entanto, que quaisquer destas medicações devem ser prescritas pelo médico (alergista pediatra ou oftalmologista). Nunca use medicamento por conta própria ou sem ordem médica.