O que eu tenho é realmente urticária? Quanto tempo ela vai durar? Será que este tratamento vai ser eficaz? Estas são algumas perguntas comuns que surgem durante consultas com pacientes com urticária. Para ajudar a respondê-las de uma forma mais objetiva e precisa, pesquisadores têm procurado por biomarcadores.
Os biomarcadores nada mais são do que determinadas características clínicas ou laboratoriais que indicam um processo patológico ou resposta a um tratamento. No caso das urticárias, os biomarcadores poderiam ser úteis para ajudar a confirmar se aquilo é mesmo uma urticária (ou distinguir a urticária de outras doenças), avaliar a atividade da urticária, o tempo para remissão da doença, ou predizer uma resposta ao tratamento.
Algumas características clínicas dos pacientes com urticária já podem ser usadas como biomarcadores. Existem evidências científicas, por exemplo, de que pacientes com urticária que também têm como manifestação clínica o angioedema apresentam uma tendência de ter uma doença mais longa do que aqueles sem angioedema. Outros fatores como resposta ao tratamento com anti-histamínicos e a gravidade da urticária também estão relacionados ao tempo para remissão dos sintomas.
Outros biomarcadores podem ser avaliados através de testes e exames laboratoriais. Ainda em relação à duração da doença, pacientes com autoanticorpos contra a tireoide ou teste do soro autólogo positivo também apresentam uma tendência em ter uma doença mais prolongada. Outros biomarcadores laboratoriais relacionados à duração e gravidade da urticária são os D-dímeros e a IgE total.
São ainda demonstradas cada vez mais evidências da relação entre biomarcadores e resposta a determinados tratamentos. Já é possível, ainda que experimentalmente, saber quais são os pacientes com maior ou menor chance de responderem ao tratamento com omalizumabe, de acordo com a presença de determinadas moléculas na superfície dos basófilos, células diretamente relacionadas a urticária. Isso num futuro próximo nos permitirá avaliar se vale a pena ou não instituir determinado tratamento para um paciente específico.
Por fim, já existem alguns biomarcadores bem determinados e que podem ser utilizados na prática clínica. Outros ainda estão por vir. Certamente, todos eles nos ajudam cada vez mais a definir melhor o diagnóstico e propor os melhores tratamentos, visando sempre uma boa qualidade de vida para os pacientes com urticária.
O artigo é de autoria do Departamento Científico de Urticária e Angioedema da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.
Fonte: http://www.asbai.org.br/secao.asp?s=81&id=1199